sexta-feira, 2 de março de 2012

Tempestade solar castiga robô Curiosity a caminho de Marte


Apesar de ser atingido por uma das mais violentas tempestades solares já registradas, o jipe-robô Curiosity nada sofreu e continua sua jornada rumo ao Planeta Vermelho. De acordo com a Nasa, o choque de radiação serviu de testes para simulação dos efeitos sobre o ser humano.
O intenso bombardeio eletromagnético atingiu em cheio o robô no dia 27 de janeiro, após uma violenta explosão na mancha solar 1402, ocorrida quatro dias antes e considerada como a mais intensa desde 2005.
O evento produziu um flare solar de classe X2, que acelerou prótons e elétrons quase na velocidade da luz. Como comparação, uma explosão solar de classe -X2 equivale a um terremoto entre 7 e 8 na escala Richter.
Guiadas pelo campo magnético do Sol, as partículas aceleradas seguiram em direção ao jipe-robô, acomodado no interior da nave que o entregará em Marte em agosto de 2012.
Quando as partículas atingem as paredes externas da nave, quebram outros átomos e moléculas que estão em seu caminho produzindo uma espécie de spray secundário de radiação. Todas essas partículas são então absorvidas e medidas por um detector a bordo do Curiosity.
Batizado de RAD (Radiation Assessment Detector ou Detector de Avaliação de Radiação), o instrumento conta os raios cósmicos, nêutrons, prótons e outras partículas em um grande espectro de energias biologicamente interessantes. Apesar do primeiro objetivo da missão RAD ser o de investigar o ambiente na superfície marciana, os pesquisadores estadunidenses o acionaram desde que o Curiosity foi lançado, com a finalidade de analisar o ambiente radioativo entre a Terra e Marte.
De acordo com cientista Don Hassler do Southwest Research Institute, que cuida dos experimentos do detector RAD, em nenhum momento o jipe-robô esteve em perigo. "Na verdade, ao longo de toda a missão pretendemos experimentar mais tempestades similares a esta".

Segundo Hassler, os pesquisadores têm uma boa ideia dos níveis de radiação encontrados no ambiente externo, mas desconhecem as condições dentro da nave, que ainda continuam um mistério.
"O Curiosity está montando na barriga de uma nave espacial, no mesmo local onde um astronauta seria colocado", explica o cientista. "Isso significa que o robô está experimentando tempestades espaciais da mesma forma que um astronauta de verdade."
Até mesmo supercomputadores têm dificuldade para modelar exatamente o que acontece quando raios cósmicos de alta energia e as partículas solares se chocam contra as paredes de uma nave espacial. Uma partícula atinge outra, fragmentos voam e colidem com outras moléculas. Para o pesquisador, calcular tudo isso é muito difícil, por isso os trabalhos de medição do instrumento RAD é muito importante. "Estamos tendo uma chance de realmente medir o que acontece", explicou Hassler.
Mesmo quando o Sol está quieto, o jipe-robô é bombardeado por uma garoa constante de raios cósmicos de alta energia, acelerados há milhares de anos-luz por explosões supernovas ou buracos negros.
No rescaldo do bombardeio de 27 de janeiro, o instrumento RAD detectou um surto de partículas várias vezes mais numerosos do que os habituais valores de contagem de raios cósmicos. Agora, Hassler e sua equipe estão analisando esses dados com objetivo de entender a resposta da nave espacial a essas tempestades.
Até a chegada a Marte, prevista para agosto de 2012, mais flares solares deverão ocorrer na estrela. Além disso, até 2013 a atividade solar deverá continuar crescendo, fazendo com que mais bombardeios de partículas atinjam a nave e o jipe-robô Curiosity. Segundo Hassler, existe tempo de sobra para muitas avaliações.

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